Em junho de 2022 realizamos a Travessia Rota Grande do Sul.
Nossa travessia começou com a chegada de uma frente fria, que prometia registrar as menores temperaturas do ano. Visitamos a serra, o litoral e o pampa. Mas um trecho em especial, prometia ser um verdadeiro desafio. Iríamos andar sobre a linha de fronteira, que separa o Brasil do Uruguai.
Nessa viagem a alma gaúcha ainda foi repleta de acampamentos em vinícolas, oliveiras e paisagens de tirar o fôlego.
Nossa primeira estadia foi em Viamão, próximo a Porto Alegre, na vinícula Finca Tuíra.
Agora Nosso destino, a longínqua Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, e nossa fuga do asfalto começou ainda antes de cruzarmos Porto Alegre, quando passamos pela reserva do Banhado Grande, onde fica o banhado dos pachecos.
Nosso destino era outra vinícola, a Pueblo Pampeiro, quando o Pampa nos mostrou seu espetacular por do sol.
Vamos confessar. A primeira que vez que fomos a Pueblo pampeiro foi porque prometia ser longe de tudo. De fato, ela está na pequena e remota vila Pampeiro, mas continuamos voltando lá pela amizade e carinho com que o Marcus e Cíntia e o Xavier nos recebem, e claro, o excelente vinho.
A grande estrela é o indômito, um vinho fortificado, o mais famoso deste tipo são os vinhos do Porto.
A qualidade que eles dão ao vinho é tão grande, que recentemente, foram agraciados com o melhor vinho do tipo feito fora do porto.
Eles também inovam, além dos vinhos, começaram a produzir um tipo muito especial de espumante, a partir do hidromel.
Enquanto editávamos esse vídeo, soubemos que esse espumante foi premiado em Mendoza, Argentina.
A Pueblo Pampeiro é um excelente retrato dessa fronteira, dominada pelo portunhol. Uruguais e brasileiros se irmanaram.
Mas a pueblo pampeiro não parou nos vinhos, estão criando cavalos da raça Percheron, lendários pelo grande porte e força. Após nossa visita, eles foram até a Expointer, importante feira agropecuária e arrebataram grande premios da raça. Impressionante.
Agora nossa parada seria numa propriedade próxima, mas ao invés de vinhos, azeites.
Nessa região, as temperaturas baixas combinadas com a umidade dão ao frio uma severidade ainda maior e tornavam a tarefa da Olivo Pampa, ainda mais difícil.
Montamos nossas barracas entre as Oliveiras, visitamos a fábrica e provamos o mais puro azeite vindo das entranhas da fronteira.
A Olivo Pampa é o sonho de um casal, ele Peruano, ela paulista que ao decidirem mudar de vida, estão ajudando a mudar o pampa. Sim, as Oliveiras assim como o vinho trazem os ventos das boas mudanças que essa região de fronteira necessita.
Plantam-se uvas e azeitonas e colhem-se turistas e prosperidade.
O que se espera de uma fronteira entre dois países é uma barreira natural, algo na geografia que explique a divisão.
No caso do Brasil e Uruguai a divisão é dada por acordos históricos, firmados especialmente após a guerra de independência do Uruguai de sua anexação pelo Brasil, a Guerra Cisplatina.
Sem nada na geografia que justifique a divisão, a mesma se dá por marcos quase sempre acompanhados de uma estrada.
Quando a estrada desaparece, restam apenas campos entre as fazendas onde brasileiros e uruguaios circulam livremente, como um só povo.
O trecho que percorremos é de aproximadamente 230 quilômetros, andando exatamente sobre a linha de fronteira.

Começou como campista ainda no movimento escoteiro. Formado em publicidade e propaganda, exerceu a vida profissional como videomaker e fotógrafo. Dirigiu e apresentou o programa “Desconbrindo Trilhas” até que fundou junto com a Paula a Guará Expedições.